sábado, 2 de agosto de 2008

AMOR ANTIGO

O amor antigo vive de si mesmo
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede.
Nada espera,
mas do destino não nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e beleza
Por aquelas mergulhas no infinito,
e por estas suplanta a natureza
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém,
nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste?
Não.
Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor ...

(Carlos Drummond de Andrade)
Poeta, prosador e jornalista brasileiro - 1902/ 1987

Nenhum comentário:

ALMA DE EDUCADOR

VISITE MEU BLOG "ALMA DE EDUCADOR"