sábado, 3 de janeiro de 2009

ENTRE DOIS AMORES

Rubem Alves

O seu coração estava dividido entre dois amores.

De um lado, um velho amor que se desfazia e do qual, se despedia.

Tinha estado ligado àquela mulher por anos de afeto manso e tranqüilo, de amizade real e sincera.

Coisa alguma poderia negar este fato.

Durante este tempo, ele se sentira como alguém que caminha por uma planície colorida, sem montanhas e abismos, o ar claro e sem brumas, sabendo exatamente o que o esperava.

Seu amor havia alcançado aquela condição de certeza sem surpresas, livre dos sofrimentos do ciúme e das dúvidas que são o inferno dos apaixonados.

E era isto que ele deixava para trás.

E por isto sofria.

Encontrara uma outra mulher cuja imagem, por razões que ele não podia compreender, despertara das cavernas da sua memória uma outra cena cheia de mistérios, de perfumes exóticos, de penumbras eróticas, onde crescia o fruto dourado da vida.

E ali, nesta nova cena que se refletia nos olhos daquela mulher, e se via como um homem diferente, de corpo jovem dotado de asas, pronto a voar pelo desconhecido, em nada semelhante ao ser doméstico ruminante que morava na cena do seu primeiro amor.
Apaixonara-se por ela.

Apaixonara-se pela bela cena que via como aura mágica, em torno daquele rosto.

Apaixonara-se pela sua própria imagem, refletida naquele olhar.

Queria tê-la para poder ter-se deste modo intenso que nunca antes experimentara.

Era preciso dizer adeus.

Deixar para trás a antiga companheira fiel, e a cena pálida, descolorida e monótona que aparecia em sua aura cansada.

Assim são os velhos amores: fiéis e cansados…

Mas a idéia de magoá-la o horrorizava. Chegar para ela e simplesmente dizer: “Estou apaixonado por outra mulher.

Vou-me embora…” — isto seria uma grosseria que ele nunca se perdoaria.

Queria poupar-lhe a dor de ver-se deixada só, na plataforma da estação, enquanto ele partia.

A dor de quem fica é sempre maior.
Parece-se com a dor após sepultamento,quando se volta para a casa, e o espaço se enche com a presença de uma ausência.

Na verdade a dor da partida é maior que a dor da morte.

Pois o morto se foi contra a vontade.

Partiu me amando.

Partiu triste por me deixar.

Nenhuma alegria o espera.

Por isto os pensamentos de quem ficou descansam tranqüilos, sem serem perturbados por fantasias dos novos amores e prazeres à espera do que morreu.

Pois nada o aguarda.

A morte pode ser a eternalização do amor.

A morte fixa a bela cena, enquanto a partida destrói a bela cena.

O apaixonado sofreria menos com a morte da pessoa amada que com a sua partida para um novo amor.

Quem quiser entender as razões dos crimes de amor terá de levar isto em consideração.

Quem mata por amor é como um fotógrafo que deseja eternizar a imagem amada na bela cena.

Não era isto que Cassiano Ricardo sugeria no seu poema ´ Você e o seu retrato`?

Ele pergunta: Por que tenho saudade de você, no retrato, ainda que o mais recente?

E por que um simples retrato, mais que você, me comove, se você mesma está presente?

E depois de sugerir várias respostas ela faz a seguinte afirmação: Talvez porque, no retrato, você está imóvel, sem respiração…

Você, viva, ingrata, é a permanente possibilidade da surpresa, do gesto que irá destruir a beleza.

Mas, no retrato, você fica imóvel.

Transforma-se em quadro.

Quem mata por amor é um fotógrafo (cruel) que imobiliza a bela cena.

E assim a coloca na parede, como objeto de saudade e devoção, para sempre. Bem dizia Roland Barthes que a única coisa que se encontra fixada na fotografia, qualquer fotografia, é a morte.
Sim, o que fazer?

Como partir sem fazer sofrer demais uma pessoa boa, por quem se tinha um afeto sincero?

Por vezes uma mentira é o melhor caminho.

Há verdades cruéis e mentiras bondosas.

Na encruzilhada ética entre a verdade e a bondade, que a bondade triunfe.Imaginou então uma mentira.

Iria dizer que estava em dúvidas sobre se ela realmente o amava.

Que por vezes ele a observava com o olhar perdido, e que imaginava seus pensamentos distantes, andando por outros amores.



Que ficassem longe, provisoriamente, a fim de que os sentimentos pudessem ficar mais claros.

A distância é um excelente remédio para as confusões do amor.

E assim ele fez.

Ela ouviu suas alegações tranqüilamente, sem sobressaltos aparentes.

Terminada a sua fala, quando ele se preparava para ouvir as contra- argumentações que deveriam se seguir, o que ele ouviu foi outra coisa: — Sabe?

Cada vez mais me surpreende a sua sensibilidade.

Como foi que você percebeu?

Fiz tudo para esconder meus sentimentos de você!

Eu não queria magoá-lo!

Mas agora que você já sabe, é bom assumir a nossa verdade.

De fato, há um outro.

Chegou a hora de dizer adeus…
O que aconteceu naquele instante ele nunca pôde compreender.

Pois aquelas palavras eram tudo de que precisava.

Estava livre para se entregar sem culpas a sua nova paixão.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

FILOSOFANDO 311208



A felicidade é como uma borboleta.
Quanto mais você a persegue,
mais ela se esquiva.
Mas se você voltar sua atenção
para outras coisas
ela virá pousar
calmamente nos seus ombros.
Thoreau

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

ENQUANTO HOUVER SOL




Enquanto Houver Sol
Titãs
Composição: Sérgio Britto

Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma idéia vale uma vida...

Quando não houver esperança
Quando não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós
Algo de uma criança...

Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...

Quando não houver caminho
Mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
É caminhando
Que se faz o caminho...

Quando não houver desejo
Quando não restar nem mesmo dor
Ainda há de haver desejo
Em cada um de nós
Aonde Deus colocou...

Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...(3x)

FERIADOS 2009

Para quem não vê a hora de um feriado para dar um passeio ou um descanso, 2008 foi meio dificil´, principalmente para emendar os dias...
Agora 2009 promete...para conferir as datas...

1/1/09 (quinta-feira) - Confraternização Universal

24/2/09 (terça-feira) - Carnaval

10/4/09 (sexta-feira) - Paixão de Cristo

21/4/09 (terça-feira) - Tiradentes

1/5/09 (sexta-feira) - Dia do Trabalho

11/6/09 (quinta-feira) - Corpus Christi

09/07/09 (quinta-feira)- Revolução constitucionalista
(Só para o Estado de São Paulo)

7/9/09 (segunda-feira) - Independência do Brasil

12/10/09 (segunda-feira) - Nossa Sr.a Aparecida - Padroeira do Brasil

2/11/09 (segunda-feira) - Finados

15/11/09 (domingo) - Proclamação da República

25/12/09 (sexta-feira) - Natal

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

SCARBOROUGH FAIR

Scarborough Fair(tradução)
Simon & Garfunkel
Composição: musica cantada por trovadores de domínio público da Inglaterra




Você está indo à feira de scarborough?
Salsa, salvia, alecrim, e tomilho
Relembre-me a alguém que vive lá
Ela outrora foi o meu verdadeiro amor

Diga a ela para fazer-me uma camisa de cambraia
(no lado de uma colina, na profunda floresta verde)
Salsa, salva, alecrim, e tomilho
(seguindo o rastro de um pardal crista-de-neve no
Chão)
Sem nenhuma costura ou trabalho de agulha
(cobertores e roupas de dormir da criança da
Montanha)
Então ela será o meu verdadeiro amor
(dormem ignorados de um chamado de claridade)

Diga a ela para encontrar-me num acre de terra
(no lado de uma colina, um salpicado de folhas)
Salsa, salvia, alecrim, e tomilho
(lavam o chão com algumas lágrimas)
Entre a água salgada e a praia
(um soldado limpa e poli uma arma)
Então ela será o meu verdadeiro amor

Diga a ela para ceifar com uma foice de couro
(foles de guerra, brilhando em batalhões escarlates)
Salsa, salvia, alecrim, e tomilho
(generais ordenando seus soldados para matar)
E para colher tudo com um ramo de urze
(e para combater por uma causa que eles há muito
Esqueceram)
Então ela será o meu verdadeiro amor

Você está indo à feira de scarborough?
Salsa, salvia, alecrim, e tomilho
Relembre-me a alguém que vive lá
Ela outrora foi o meu verdadeiro amor


domingo, 28 de dezembro de 2008

FILOSOFANDO 281208

“A felicidade

é quando o que pensamos,

o que falamos

e como agimos

estão em harmonia”.

Gandhi

ALMA DE EDUCADOR

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