quarta-feira, 30 de julho de 2008

AQUELES QUE AMAMOS NUNCA MORREM




Falar em perdas é falar em solidão, tristeza, desespero, medo.
Quando digo perdas, não estou me referindo apenas aos que morrem, mas a todos que de alguma forma, nos deixam prematuramente, antes que estejamos preparados.
Um amigo que se muda para longe, um namoro interrompido bruscamente e até mesmo um ente querido que se vai, sempre provoca em nós uma sensação de vazio.
Porque sofremos tanto mesmo sabendo que estas perdas ou partidas inesperadas são inerentes a vida e que, portanto, não podemos controlá-las?

Não saberia responder com precisão á pergunta acima, mas, o que me parece mais coerente é que nunca estaremos prontos para nos acostumáramos com a falta dos que amamos.
Por mais que saibamos que a qualquer momento eles nos faltarão, temos sempre a predisposição em acreditarmos que quem nos ama nunca nos trairia, nos privando do seu afeto, carinho, amor.

São justamente aqueles que amamos que mais nos machucam com as suas partidas inesperadas.
Vão sem aviso prévio e nos levam a felicidade, a fé na vida, o equilíbrio.

O que fazer então?
Não amamos?
Não nos permitiremos gostar de alguém, pelo simples fato de que seremos mais cedo ou mais tarde deixados para trás na vida, entregue ás nossas angustias e remorsos por não termos dito tudo ou feito o suficiente por eles?
Creio que não.
Se há algo na vida que mais nos trás felicidade é sabermos que somos queridos e não seria honesto privar-nos de tal sentimento por covardia.

Um amor de pai e mãe, o carinho de um amigo ou o afeto de uma relação a dois, deve sempre se sobrepor ao medo da perda.
Porque ela é inevitável; o sentimento, não, deve ser exercitado todos os dias das nossas breves vidas.

Ele é que nos move, nos dá o chão para que possamos caminhar pela vida com a certeza de que, haja o que houver, teremos sempre alguém com quem contar que nos apóia mesmo nos momentos em que não tenhamos razão.

Esta, meus amigos, deve ser a maior lição deixada pelos que partem sem nos avisar. Lembrar-nos que devemos sempre curtir aqueles que amamos com a intensidade proporcional á brevidade de uma vida.

Porque, quando nos faltarem, saberemos que amamos e fomos amados, que demos e recebemos todo o carinho esperado, que construímos um sentimento que nenhuma perda poderá apagar.
Este sentimento transcende o espaço e o tempo, não se limita ao contacto físico, torna-se parte de nós, impregnado em nossas almas, nos confortando nos dias difíceis, sendo cúmplices de nossas vitórias pessoais, nos fazendo sentir eternamente amado.

Que me perdoem os físicos, mas neste caso, acredito que dois corpos podem ocupar o mesmo lugar no espaço, basta que permitamos sentir a presença dos que amamos dentro de nós, como se fossem parte da nossa alma.

Só assim seremos inteiros. Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.

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