sábado, 20 de junho de 2009

A IDÉIA DE DEUS

Viviam, num edifício de sete andares, moradores cujos olhos jamais tinham contemplado a luz do sol, a não ser através das vidraças diversamente coloridas de cada pavimento. Encerrados nos limites de seu pequeno mundo, cada qual fazia uma idéia diferente quanto à cor da luz solar. Os moradores do primeiro pavimento diziam que era vermelha, porque vermelhos eram os vidros, através dos quais se habituaram a vê-la.

Os do segundo pavimento diziam, por sua vez, que era alaranjada, porque alaranjados eram os vidros pelos quais ela diariamente se filtrava.

Os do quarto, diziam que era verde. Os do quinto, azul. Os do sexto, anil e os do sétimo diziam que era violeta.

Certo dia, porém, um morador mais inteligente e indagador resolveu sair do edifício e, surpreendido com a luz do sol, que lá no alto se decompunha na policromia do arco-íris, compreendeu logo que cada morador havia apreendido somente uma parcela da verdade.

Tudo se passava exatamente como se cada um deles, em seu próprio pavimento, tivesse a visão limitada a uma faixa apenas, dentre as sete faixas luminosas do espectro solar.

A luz do sol era realmente da cor sob que cada qual a tinha visto, mas era também muito mais do que isso: era a síntese das sete cores.

Assim como cada morador via o Sol, assim também cada criatura humana vê Deus.

Situado em diferentes faixas da evolução, cada um O verá sob um aspecto diferente, segundo a diversa coloração de seu entendimento.

Chegará, no entanto, um dia em que a criatura transcenderá os augustos limites de seu mundo e compreenderá Deus, em sua essência, na síntese de seus atributos.

(de Rubens Costa Romanelli)

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