Autor - Maurice Druon
Tistu é um menino muito sortudo. Vive na cidade chamada Mirapólvora numa grande casa, a Casa-que-Brilha, com o Sr. Papai, Dona Mamãe e o seu querido pônei Ginástico. Eles são ricos pois o Sr Papai tem uma fábrica de canhões. Para grande decepção de todos, Tistu dorme nas aulas. Sr Papai resolve fazer com que Tistu aprenda as coisas vendo-as e vivenciando-as. As aulas serão com o jardineiro Bigode e com o gerente da fábrica de canhões, o Sr Trovões.
Eis o seu novo ensino....
Examinou atentamente o dedo do menino, em cima e embaixo, na sombra e na luz.
- Meu filho – disse enfim, após madura reflexão – ocorre com você uma coisa estraordinária, surpreendente! Você tem polegar verde....
- Verde! – exclamou Tistu muito espantado. – acho que é cor-de-rosa, e até que está bem sujo! Verde coisa nenhuma!
Olhou seu polegar, muito normal.
- É claro, é claro que você não pode ver – replicou Bigode – O polegar verde é invisível. A coisa se passa por dentro da pele: é o que se chama um talento oculto. Só um especialista é que descobre. Ora, eu sou um especialista. Garanto que você tem polegar verde.
- E para que serve isto de polegar verde?
- Ah! É uma qualidade maravilhosa – respondeu o jardineiro. – um verdadeiro dom do céu! Você sabe: há sementes por toda a parte. Não só no chão, mas nos telhados das casas, no parapeito das janelas, nas calçadas das ruas, nas cercas e nos muros. Milhares e milhares de sementes que não servem para nada. Estão ali esperando que um vento as carregue para um jardim ou para um campo. Muitas vezes elas morrem entre duas pedras, sem Ter podido transformar-se em flor. Mas, se um polegar verde encosta numa, a flor brota no mesmo instante. Aliás, a prova está aí, diante de você! Seu polegar encontrou na terra sementes de begônia, e olhe o resultado! Que inveja que eu tenho! Como seria bom para mim, jardineiro de profissão, um polegar verde como o seu!
Tistu não pareceu muito entusiasmado com a descoberta.
E no caderninho de notas, entregue pelo Sr. Papai e que Tistu devia fazer assinar no fim de cada aula, o jardineiro Bigode escreveu apenas:
“Este menino revela boa disposição para a jardinagem.”
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