quarta-feira, 7 de março de 2012

VOLTAR AOS DEZESSETE


Voltar aos 17 depois de viver um século 


É como decifrar sinais sem ser sábio competente

Voltar a ser de repente tão frágil como um segundo

Voltar a se sentir importante como uma criança ante Deus

Isso é o q sinto eu neste instante fecundo



Vai se envolvendo, envolvendo

Como no muro a hera

E vai brotando, brotando

Como o musgo na pedra

Como o musgo na pedra, ai sim, sim, sim.



Meu passo retrocede quando o teu avança

A arca das alianças penetrou em meu ninho

Com todo seu colorido tem passeado por minhas veias

E até a dura cadeia com que nos prende o destino

Como um diamante fino que ilumina minha alma serena



Vai se envolvendo, envolvendo

Como no muro a hera

E vai brotando, brotando

Como o musgo na pedra

Como o musgo na pedra, ai sim, sim, sim.



O que pode o sentimento o saber não tem conseguido

Nem o mais claro proceder, nem o maior pensamento

Tudo o muda no momento qual mago condescendente

Afasta-nos docemente de rancores e violências

Só o amor com sua ciência nos torna tão inocentes



Vai se envolvendo, envolvendo

Como no muro a hera

E vai brotando, brotando

Como o musgo na pedra

Como o musgo na pedra, ai sim, sim, sim.



O amor é um turbilhão de pureza original

Até o mais feroz animal sussura seu doce som

Detêm os peregrinos, liberta os prisioneiros

O amor com seus esforços ao velho o voltam criança

E ao mau só o carinho o torna puro e sincero



Vai se envolvendo, envolvendo

Como no muro a hera

E vai brotando, brotando

Como o musgo na pedra

Como o musgo na pedra, ai sim, sim, sim.



De par em par a janela se abriu como pro encanto

Entrou o amor com seu manto como uma fraca manhã

Ao som de seu belo toque fez brotar o jasmim

Voando que nem serafim ao céu lhe pôs brincos

Meus anos em 17 os converteram em querubim

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