"Ó Tu, Senhor da Eternidade, nós que estamos condenados a
morrer elevamos nossas almas a Ti à procura de forças, porque
a Morte passou por nós na multidão dos homens e nos tocou, e
sabemos que em alguma curva do nosso caminho ela estará nos
esperando para nos pegar pela mão e nos levar... não sabemos
para onde.
Nós te louvamos porque, para nós, ela não é mais uma inimiga,
e sim um grande anjo teu, nosso amigo, o único a poder abrir,
para alguns de nós, a prisão da dor e do sofrimento e nos
levar para os espaços imensos de uma vida nova.
Mas nós somos como crianças, com medo do escuro e do
desconhecido, e tememos deixar esta vida que é tão boa, e os
nossos amados, que nos são tão queridos.
Dá-nos a graça de ter um coração valente para que possamos
caminhar por esta estrada com a cabeça levantada e com um
sorriso no rosto. Que possamos trabalhar alegremente até o
fim, e amar os nossos queridos com ternura ainda maior,
porque os dias do amor são curtos. Sobre ti lançamos a carga
mais pesada que paralisa nossa alma: o medo que temos de
deixar aqueles que amamos, os quais teremos de deixar
desabrigados num mundo egoísta. Nós confiamos em ti porque
durante toda a nossa vida foste o nosso apoio.
Ó tu, pai dos órfãos, protege os nossos pequeninos. E, antes
de partirmos, pedimos-te que chegue logo o dia no qual os que
estão morrendo morrerão sem medo, porque os fracos já não
mais serão as vítimas dos fortes, e a grande família que é a
nação a todo abraçará com sua força e o seu cuidado.
Nós te agradecemos porque experimentamos o gosto bom da vida.
Somos-te gratos por cada hora de nossas vidas, por tudo o que
nos coube das alegrias e lutas dos nossos irmãos, pela
sabedoria que ganhamos e será sempre nossa.
Se tivermos de partir logo, sabemos que inda assim foi
através de ti que vivemos e a nossa vida continuará a fluir
através da raça humana. Pela tua graça nós também ajudamos a
moldar o futuro e a trazer dias melhores.
Se nos sentirmos abatidos com a solidão, sustenta-nos com a
tua companhia. Quando todas as vozes do amor ficarem
distantes e se forem, teus braços eternos ainda estarão
conosco.
Tu és o pai do nosso espírito. De ti viemos e para
ti iremos. Regosijamo-nos porque, nas horas das nossas visões
mais puras, quando o pulsar da eternidade é sentido forte
dentro de nós, sabemos que nenhuma agonia da mortalidade
poderá atingir a nossa alma inconquistável e, para aqueles
que em ti habitam, a morte é apenas a passagem para a vida
eterna. Nas tuas mãos entregamos o nosso espírito."
( Walter Rauschenbusch, Orações por um mundo melhor, PAULUS )
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