Mercedes Sosa estava internada há cerca de um mês em um hospital em Buenos Aires por conta de um problema hepático que piorou com complicações pulmonares. Nos últimos dias, ela respirava com a ajuda de aparelhos.
Graças à vida
Graças à vida que tem me dado tanto
Deu-me dois olhos que quando os abro
Perfeitamente distingo o negro do branco
E no alto céu seu fundo estrelado
E nas multidões o homem que eu amo.
Graças à vida que tem me dado tanto
Deu-me a audição que em toda a sua largura
Grava noite e dia grilos e canários
Martírios, turbinas, latidos, chuveiro
E a voz tão terna do meu bem amado.
Graças à vida que tem me dado tanto
Deu-me o som e o abecedário
Com ele, as palavras que penso e declaro
Mãe, amigo e irmão
E luz iluminando a rota da alma que estou amando
Graças à vida que tem me dado tanto
Deu-me a marcha de meus pés cansados
Com eles andei cidades e charco
Praias e desertos, montanhas e planícies
E a casa tua, tua rua e teu quintal.
Graças à vida que tem me dado tanto
Deu-me o coração que agita em sua marca
Quando olho o fruto do cérebro humano
Quando olho o bom tão longe do mal
Quando olho o fundo de teus olhos claros.
Graças à vida que tem me dado tanto
Deu-me o riso e deu-me o pranto
Assim eu distingo sorte de fraqueza
Os dois materiais que formam meu canto
E o canto dos senhores que és o mesmo canto
E o canto de todos que és o meu próprio canto
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