sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O PEIXE NÃO MORRE PELA BOCA... MORRE PELO DESEJO...


Eu venho de uma família de pescadores.
Descobri que gostava mais de acompanhar meu irmão pescador que propriamente pescar.
Ele tinha uma ciência ao pescar, todo pescador a tem.
Interessante que o pescador é alguém de muita paciência...
Se ele quer comer o peixe, tem que esperar o momento certo para pescá-lo.
O peixe, pobrezinho, é de sua natureza imprevidente cair no anzol.
Um ou outro esperto, não cai na emboscada que o pescador lhe prepara, mas existe algo dentro dele que o chama para o anzol.
Poderia se dizer que é fome.
Eu chamaria de desejo.
Esta no peixe (Aquilo que se ama, jamais se esquece)
O pescador sabe que os peixes são ariscos, mas também sabem que existe nele esse desejo e acho que os peixes até pensam (SE PENSASSEM) que se pode ser uma emboscada, que ali aja um anzol, ele se acha capaz de escapar do anzol, ou contar com o coração bondoso do pescador que não lhe coma.
Até existem os pescadores esportivos, só querem brincar com ele e depois joga-lo novamente no rio, e ele novamente por certo cairá em outro anzol, até que um dia, um pescador que saboreie a sua carne, o joga no picuá, e o seu destino é fatal.
Tilápias são muito ariscas, enxergam o pescador, imaginam o anzol, já viu que muitas outras tilápias foram pescadas, unico peixe que não se enrosca na rede, mas algo dentro dela, fome ou desejo, as deixa muito confusas.
Elas não comem a isca vorazmente, ele vai saboreando aos poucos, muitas chegam a engolir o anzol, aí não tem mais escapatória.
Se for assim, e um bom pescador quer muitas tilápias, como ele faz?
Aí esta a ciência do pescador, ele sabe que a Tilápias o vê, mas também sabe se seu instinto imprevidente, o seu desejo...
Então ele usa a ceva.
Ceva são comidinhas jogadas por toda a volta do cardume... Comidinhas irresistíveis, sem anzol, e a tilápia motivada pelo desejo começa a saborear...
É bom...
Veja o pescador não é tão mal, ele só quer me alimentar, “pensa a tilápia” (se ela pudesse pensar, mas ela é só desejo).
Aí vem a isca, a comidinha com o anzol e ela cai.
Cai na emboscada, nessa hora ela se assusta, quer escapar de seu amigo traiçoeiro, mas já é tarde, ela já foi fisgada.
Outras tilápias vêm o acontecido e algo de estranho acontece, elas ficam todas vorazes, isso deve ser bom, e uma a uma, vão caindo no anzol...
Já não é fome, é desejo...
O pescador feliz conseguiu o seu objetivo, e nem se preocupa se as Tilápias o conhecem ou não, ele conhece os seus desejos.
Ele tem a isca perfeita...
O peixe não morre pela boca, morre pelo seu desejo
Pobres tilápias...

Começo a acreditar que a vida do homem imita a vida do pescador e da tilápia.
Caímos pelo desejo, caímos pela nossa imprevidência...
Há quem imagine que eu estou falando de pescaria.
“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.

Nenhum comentário:

ALMA DE EDUCADOR

VISITE MEU BLOG "ALMA DE EDUCADOR"