sábado, 1 de novembro de 2008

MEU JARDIM

Meu amiguinho Mário, me enviou uma música desse cantor...
Gostei da voz dele, e algumas letras são bem profundas...
Também vindo do Mário, só poderia vir coisas boas...


VANDER LEE
MEU JARDIM
Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minha fonte, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho

Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho
Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

SOBRE A ADVERSIDADE DA VIDA


"Águas mansas


não fazem bons


marinheiros"


Provérbio Indiano

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

QUAL A MELHOR RELIGIÃO?

Breve diálogo entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e

Dalai Lama.


Leonardo Boff explica:

'No intervalo de uma mesa-redonda

sobre religião e paz entre os povos,

na qual ambos participávamos,

eu, maliciosamente, mas também

com interesse teológico,

lhe perguntei em meu inglês capenga:

- 'Santidade, qual é a melhor religião?'

Esperava que ele dissesse:

'É o budismo tibetano ou são as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo.'

O Dalai Lama fez uma pequena pausa,

deu um sorriso, me olhou bem nos olhos

- o que me desconcertou um pouco,

por que eu sabia da malícia

contida na pergunta -

e afirmou:

'A melhor religião é a que mais

te aproxima de Deus.

É aquela que te faz melhor.'

Para sair da perplexidade

diante de tão sábia resposta,

voltei a perguntar:

- 'O que me faz melhor?'

Respondeu ele:

- 'Aquilo que te faz mais compassivo

aquilo que te faz mais sensível,

mais desapegado,

mais amoroso,

mais humanitário,

mais responsável...

A religião que conseguir fazer isso de ti

é a melhor religião...'

Calei, maravilhado,

e até os dias de hoje

estou ruminando sua resposta

sábia e irrefutável.'

APRENDER COM A NATUREZA


A Árvore não nega sua sombra
nem ao lenhador"
Provérbio Hindu

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

MULHERES

Para uma grande mulher, que passou aqui na Terra e deixou em seu caminho, muitos frutos...


"Certo dia parei para observar as mulheres e só pude concluir uma coisa: elas não são humanas. São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós.

Pare para refletir sobre o sexto-sentido.
Alguém duvida de que ele exista?

E como explicar que ela saiba exatamente qual mulher, entre as presentes, em uma reunião, seja aquela que dá em cima de você?

E quando ela antecipa que alguém tem algo contra você, que alguém está ficando doente ou que você quer terminar o relacionamento?

E quando ela diz que vai fazer frio e manda você levar um casaco? Rio de Janeiro, 40 graus, você vai pegar um avião pra São Paulo. Só meia-hora de vôo. Ela fala pra você levar um casaco, porque "vai fazer frio". Você não leva. O que acontece?
O avião fica preso no tráfego, em terra, por quase duas horas, depois que você já entrou, antes de decolar. O ar condicionado chega a pingar gelo de tanto frio que faz lá dentro!
"Leve um sapato extra na mala, querido.
Vai que você pisa numa poça..."
Se você não levar o "sapato extra", meu amigo, leve dinheiro extra para comprar outro. Pois o seu estará, sem dúvida, molhado...

O sexto-sentido não faz sentido!

É a comunicação direta com Deus!
Assim é muito fácil...
As mulheres são mães!

E preparam, literalmente, gente dentro de si.
Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal?

E não satisfeitas em ensinar a vida elas insistem em ensinar a vivê-la, de forma íntegra, oferecendo amor incondicional e disponibilidade integral.
Fala-se em "praga de mãe", "amor de mãe", "coração de mãe"...

Tudo isso é meio mágico...
Talvez Ele tenha instalado o dispositivo "coração de mãe" nos "anjos da guarda" de Seus filhos (que, aliás, foram criados à Sua imagem e semelhança).

As mulheres choram. Ou vazam? Ou extravazam?

Homens também choram, mas é um choro diferente. As lágrimas das mulheres têm um não sei quê que não quer chorar, um não sei quê de fragilidade, um não sei quê de amor, um não sei quê de tempero divino, que tem um efeito devastador sobre os homens...

É choro feminino. É choro de mulher...

Já viram como as mulheres conversam com os olhos?

Elas conseguem pedir uma à outra para mudar de assunto com apenas um olhar.
Elas fazem um comentário sarcástico com outro olhar.
E apontam uma terceira pessoa com outro olhar.
Quantos tipos de olhar existem?

Elas conhecem todos...

Parece que freqüentam escolas diferentes das que freqüentam os homens!
E é com um desses milhões de olhares que elas enfeitiçam os homens.

EN-FEI-TI-ÇAM !

E tem mais! No tocante às profissões, por que se concentram nas áreas de Humanas?
Para estudar os homens, é claro!
Embora algumas disfarcem e estudem Exatas...

Nem mesmo Freud se arriscou a adentrar nessa seara. Ele, que estudou, como poucos, o comportamento humano, disse que a mulher era "um continente obscuro".
Quer evidência maior do que essa?
Qualquer um que ama se aproxima de Deus.
E com as mulheres também é assim.

O amor as leva para perto dEle, já que Ele é o próprio amor. Por isso dizem "estar nas nuvens", quando apaixonadas.
É sabido que as mulheres confundem sexo e amor.
E isso seria uma falha, se não obrigasse os homens a uma atitude mais sensível e respeitosa com a própria vida.
Pena que eles nunca verão as mulheres-anjos que têm ao lado.
Com todo esse amor de mãe, esposa e amiga, elas ainda são mulheres a maior parte do tempo.
Mas elas são anjos depois do sexo-amor.
É nessa hora que elas se sentem o próprio amor encarnado e voltam a ser anjos.
E levitam.
Algumas até voam.
Mas os homens não sabem disso.
E nem poderiam.
Porque são tomados por um encantamento
que os faz dormir nessa hora."
Luís Fernando Veríssimo

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

FILOSOFANDO 291008

Em vez de

resmungar

porque faz frio,

vista

um agasalho.

SER LIVRE


"Ser livre é não ser escravo
das culpas do passado
nem das preocupações do amanhã.
Ser livre
é ter tempo para as coisas que se ama.
É abraçar, se entregar,
sonhar, recomeçar tudo de novo.
É desenvolver a arte de pensar e proteger a emoção.
Mas, acima de tudo,
ser livre é ter um caso de amor
com a própria existência
e desvendar seus mistérios."

(Augusto Cury)
Preciso apreender e enraizar isso em mim.



COMO ROUBAR UM CORAÇÃO

Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa.
Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado.
Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.

Conquistar um coração de verdade dá trabalho,
requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança.
É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade.
Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.

Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago.
...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.
Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração.
Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria.
Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que?
Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós.

Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava.
... e é assim que se rouba um coração, fácil não?

Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade,
a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então!
E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples...
é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.
Luís Fernando Veríssimo

terça-feira, 28 de outubro de 2008

IRENA SENDLER

GRANDE MULHER,Irena Sandler, um anjo que desceu à Terra.


Irena Sendler, em língua polaca Irena Sendlerowa, (15 de Fevereiro de 1910 - 12 de Maio de 2008), também conhecida como "o anjo do Gueto de Varsóvia", foi uma activista dos direitos humanos durante a Segunda Guerra Mundial, tendo contribuido para salvar mais de 2.500 vidas ao levar alimentos, roupa e medicamentos às pessoas barricadas no gueto, com risco da própria vida.





A Mãe das crianças do Holocausto

"A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade". - Irena Sendler

PAra saber mais IRENA SENDLER

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

E POR FALAR EM MÃOS

MÃOS

Alguém já esteve acompanhado e ao mesmo tempo se sentindo sozinho...?

Pois é...

sentimento estranho...

E eu ouvia essa música, e lembrei que em 2002 eu tinha feito um pps com essa música...

Eu imaginei, que as mãos falam tanto...

Na época não era tão comum os pps, eram gravados em disketes...

Fiz com muito carinho...

como o tempo passa...

Hoje ouvi algo que mexeu comigo, "Quem ama cuida", que o amor está muito além de se dizer, "eu te amo", está no cuidado, é preciso que o amor seja expresso além das palavras, quem ama cuida...

E eu já li muito isso, "cuido muito bem de você", "Eu te cuido muito bem" mas não imaginava a intensidade dessas palavras...

As palavras passam...

quem sabe o sentimento de estar perto de alguém e sentir que esse alguém está tão longe...

Quem sabe esse sentimento passe também...

Nem todo dia se é possivel VIVER EM ALEGRIA.

domingo, 26 de outubro de 2008

A MENINA E AS MAÇÃS

Por Herman Rosenblat *

Agosto de 1942 - Piotrkow, Polônia.

Naquela manhã o céu estava sombrio, enquanto esperávamos ansiosamente. Poucas horas antes todos os homens, mulheres e crianças do gueto judeu de Piotrkow foram arrancados de suas casas e arrebanhados na praça do gueto - para remoção coletiva, segundo os rumores que se espalhou.

Meu pai havia falecido recentemente de tifo, que se alastrara através do gueto abarrotado. Meu maior medo era separarem nossa família.

“O que quer que aconteça,” murmurou Isidore, meu irmão mais velho. “Não lhes diga a sua idade verdadeira; diga que tem dezesseis anos”.

Apesar de magro em virtude da falta de alimentos eu era bem mais alto do que outros meninos de 11 anos que conhecia; talvez poderia ser confundido e assim, ser considerado valioso como um trabalhador.

Um homem da SS se aproximou com passos firmes, com botas estalando nas pedras grosseiras do piso. Olhou-me de cima a baixo e perguntou minha idade. “Dezesseis”, eu disse. Ele mandou-me ir à esquerda, onde já estavam meus três irmãos e outros jovens saudáveis.


Herman
Ela jamais havia falado de forma tão aspera assim! Depois eu entendi porque ela havia falando daquela forma comigo: ela estava me protegendo. Ela nos amava tanto que, apenas naquela única vez, ela fingiu não fazê-lo. Foi a última vez que a vi.

Meus irmãos e eu fomos transportados de trem até a Alemanha. Semanas depois, confinado dentro de um vagão de gado que parava várias vezes por dia em virtude de incotáveis barreiras e paradas, chegamos ao campo de concentração de Buchenwald e fomos imediatamente conduzidos a uma barraca lotada. No dia seguinte recebemos uniformes e números de identificação.

“Não me chamem mais de Herman”, eu disse aos meus irmãos. “Chamem-me 94938″.

Colocaram-me para trabalhar no crematório do campo, carregando corpos em um elevador manual. Ao fim do primeiro dia de trabalho eu também já me sentia como morto; insensibilizado por aquele horror eu me tornara simplesmente um número. Logo, meus irmãos e eu fomos mandados para Schlieben, um dos sub-campos de Buchenwald, perto de Berlim.

Em uma certa manhã pensei que ouvi a voz de minha mãe: “Filho” disse ela, suave mas claramente; “Vou mandar-te um anjo.” Então acordei, havia sido apenas um sonho! Um lindo sonho! Mas nesse lugar não poderia haver anjos. Havia apenas trabalho, fome, medo, dor e morte…

Dias depois, caminhando sozinho entre as barracas do campo, próximo a uma das cercas de arame farpado, onde os guardas não podiam enxergar facilmente, observei alguém do outro lado da cerca: uma pequena menina com suaves, quase luminosos cachinhos. Ela estava meio escondida atrás de uma bétula. Dei uma olhada em volta para certificar-me de que ninguém me via, e a chamei baixinho, em alemão.

“Você tem algo para comer?” Mas ela não entendeu. Aproximei-me mais da cerca e sempre olhando para os lados repeti a pergunta em Polonês. Eu estava magro e raquítico, com farrapos envolvendo meus pés, mas a menina parecia não ter medo e se aproximou. Em seus olhos eu vi vida. Ela pegou uma maçã do seu casaco de lã e a jogou sobre a cerca. Agarrei a fruta e, assim que comecei a fugir, ouvi-a dizer baixinho, “Virei vê-lo amanhã”!

Daquela dia em diante, com precauções sempre renovadas, sempre que podia voltava ao mesmo local da cerca, na mesma hora. Ela estava sempre lá, com algo de comer para me dar - um pedaço de pão ou, melhor ainda, uma maçã. Em todos aqueles momentos jamais ousávamos falar ou demorarmos. Sermos pegos significaria morte para nós dois. Não sabia nada sobre ela, apenas que era uma menina de fazenda entendia Polonês. Qual era o seu nome? Porque ela arriscava sua vida por mim?” Boa parte de minhas poucas esperanças em sobreviver estava naquele pequeno suprimento de alimentos que aquela menina, do outro lado, me trazia.

Aproximadamente sete meses depois, eu e meus irmãos fomos abarrotados em um vagão de carvão e enviados para o campo de Theresiensatdt, na Tchecoeslováquia. “Não volte”, eu disse para a menina naquele dia. “Estamos partindo”. Voltei-me em direção às barracas sem olhar para trás, com medo de ser apanhado. Nem mesmo disse adeus a pequena menina, cujo nome eu nunca aprendi. A menina das maçãs.

Permanecemos em Theresienstadt por três meses. A guerra estava diminuindo e as forças aliadas se aproximando, muito embora meu destino parecia estar selado: estava agendado para morrer na câmara de gás às 10 horas da manhã do dia 10 de maio de 1945. Soube disso através de outro prisioneiro que limpava os escritórios do campo e sempre que possível lia ordens do camando afixados em alguns quadros. Assim, por muitas vezes ficavamos sabendo o que iria ocorrer nos dias seguintes. Quando soube disso, não chorei, não tinha mais lágrimas para chorar. Não tinha mais medo da morte; na verdade, algumas vezes a desejava… Mesmo assim, nos três crepúsculos silenciosos das noites que antecederam o dia marcado, tentei me preparar para minha morte. Por tantas vezes a morte pareceu pronta para me reclamar, mas de alguma forma eu sobrevivi. Agora, tudo estava acabado. Pensei nos meus pais. Ao menos, pensei, estaríamos reunindos novamente.

No entanto, pouco antes das 8:00 horas do dia em que estava marcado para morrer, ocorreu uma comoção no campo. Ouvi explosões, tiros, gritos… Olhei pela porta da barraca onde estava e vi pessoas correndo em todas as direções através do campo. Juntei-me aos meus irmãos e perguntei-lhe o que estava ocorrendo, mas não sabia de nada. Minutos depois um prisioneiro entra no barraco onde estávamos e grita: “Os russos estão aqui, os alemães estão mortos ou fujiram, os portãos do campo estão abertos!” Saímos e vimos todos correndo para for a do campo, então corremos também sem sabermos para onde íamos.

Surpreendentemente, eu e meus irmãos sobrevivemos. Não tenho certeza como, mas sabia que aquela menina das maçãs tinha sido uma das razões da minha sobrevivência.

No local onde o mal parecia triunfar, a bondade de uma pessoa gerou-me esperanças e acabou contrinuíndo para salvar a minha vida.

Minha mãe havia prometido enviar-me um anjo, e o anjo apareceu…

Com a ajuda e piedade de tantos que encontrei pelos caminhos que percorri depois da libertação do campo, meses depois consegui chegar à Inglaterra, onde fui socorrido pela Caridade Judaica: me alojaram em uma hospedaria com outros meninos que sobreviveram ao Holocausto e em uma escola onde, além do inglês e disciplinas regulares estudavamos eletrônica. Cinco anos depois fui para os Estados Unidos, para onde meu irmão Sam já havia se mudado. Servi no Exército por dois anos durante a Guerra da Coréia e retornei a Nova Iorque.

Em agosto de 1957, com economias que fiz do salário que recebi no exército, abri uma lojinha de consertos eletrônicos. Estava começando a estabelecer-me, a verdadeiramente iniciar uma nova vida…

Um dia, meu amigo Sid, que conheci da Inglaterra, me telefonou.

“Tenho um encontro. Ela tem uma amiga polonesa. Vamos sair juntos?”

Um encontro às cegas? Não, isso não era para mim.

Mas Sid insistiu tanto que poucos dias depois fomos ao Bronx buscar a garota com quem Sid iria sair, e a amiga dela, a polonesa Roma.

Tenho que admitir, para um encontro às cegas, não foi tão ruim. Roma era enfermeira em um hospital do Bronx. Ela era gentil e esperta. Bonita, também, com cabelos castanhos cacheados e olhos verdes amendoados que faiscavam com vida.

Nós quatro nos dirigimos até Coney Island. Roma mostrou ser uma boa companhia com quem era fácil falar e gostoso de se estar junto.

Descobri que ela era igualmente cautelosa com encontros às cegas.

No início, estávamos apenas fazendo um favor aos nossos amigos. Demos um passeio na beira da praia, gozando a brisa salgada do Atlântico e depois jantamos perto da margem. Não poderia me lembrar de ter tido momentos melhores.

Voltamos ao carro do Sid, Roma e eu dividimos o assento traseiro.

Como judeus europeus que haviam sobrevivido à guerra, sabíamos que muita coisa foi deixada sem ser dita entre nós. Ela puxou o assunto, “Onde você estava”, perguntou delicadamente, “durante a guerra?”

“Nos campos de concentração”, disse. Terríveis memórias, irreparáveis perdas… Tentei esquecer, mas como esqueçer tantas dores?

“Minha família se escondeu em uma fazenda na Alemanha, próximo de Berlim”, disse-me ela. “Meu pai conhecia um padre, e ele nos deu papéis arianos.”

Imaginei como ela deve ter sofrido também, medo, uma constante companhia. Mesmo assim, aqui estávamos, ambos sobreviventes, em um mundo novo.

“Havia um campo perto da fazenda”, continuou Roma. “Eu via um menino lá e sempre que possível lhe jogava alguma comida, especialmente maçãs.”


Herman e Roma
“Ele era alto, magro e faminto. Devo tê-lo visto, quase diariamente, por uns seis meses.”

Meu coração estava aos pulos, descontrolado. Não podia acreditar. Isso não podia ser!!!

“Ele lhe disse, um dia, para você não voltar porque ele estava saindo de Schlieben?”.

Roma me olhou estupefata, de uma forma tão profunda que senti como se meus olhos tivessem sidos atravessados. “Sim!”.

“Era eu!”.

Estava para explodir com um misto de alegria e susto inundado meu coração. Não podia acreditar! Reencontrei a menina das maçãs, o meu anjo!

“Não vou deixar você partir”, disse-lhe em seguida. E na trazeira daquele carro, naquele encontro às cegas, pedi-a em casamento. Não queria esperar.

“Você está louco!”, disse ela. Mas convidou-me para conhecer seus pais no jantar do Shabbat da semana seguinte.

Havia tanto que eu ansiava descobrir sobre Roma, mas as coisas mais importantes eu sempre soube: sua firmeza, sua bondade. Por muitos meses, nas piores circunstâncias, ela veio até a cerca e me trouxe esperanças.

Semanas depois, com o consentimento da família, ela disse sim. Hoje, após quase 50 anos de casamento, dois filhos e três netos, ela continua sendo meu ano e eu jamais a deixarei partir…

Se alguém viver quatrocentos anos, ele dificelmente passará pelas experiências que passei em sessenta…


* Herman Rosenblat, sobrevivente do holocausto, tecnico eletrônico aposentado. A vida não permitiu que Herman celebrasse seu Bar Mitzvah (cerimônia religiosa onde os meninos judeus marcam sua entrada na maioridade; mas em fevereiro de 2006, então com 75 anos de idade, finalmente o fez…


Notas

1. Os nomes verdadeiros dos atores reais desta história de vida são Herman e Rona Rosenblat. Os nomes reais foram revelados posteriormente pelos próprios protagonistas, em reportagem (com fotos do casal) da revista Guideposts, na edição de agosto de 2006, para desmentir boatas que essa história não era verdadeira.

2. Depois da entrevista à revista Guideposts, o casal se recolheu e não concedeu mais entrevistas à imprensa.

3. O nome Herman Rosenblat conta no catalogo telefônico de Miami (edição 2007), o que faz supor de que pelo menos um deles ainda está vivo.

4. Esta história real foi adaptada para o cinema e filmada pela Atlantic Overseas Pictures em parceria com a EuroCo Productions, com o título Flower of the Fence, estrelado por Richard Dreyfuss com o nome de A CERCA.

FILOSOFANDO 2510

É "de esquerda"

ser a favor do aborto e

contra a pena de morte,

enquanto direitistas

defendem o direito do feto à vida,

porque é sagrada, e o

direito do Estado de matá-lo

se ele der errado.

Luis Fernando Veríssimo

ALMA DE EDUCADOR

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